Esqueçam tudo o que comeram até agora!
Nada é melhor do que Nestum de Maça com Canela.
Remember kids: Be kind to your shadow.
E a não esquecer: http://elektrocutionfestival.com/ignite/
quinta-feira, junho 21
quarta-feira, junho 13
End of the Beginning.
So I run and hide and tear myself up.
I'll start again with a brand new name..
And eyes that see into infinity.
I'll disappear. I'm almost there.
Just a moment away from becoming unclear.
It's not a matter of fuck.
It's just a matter of time.
I'll start again with a brand new name..
And eyes that see into infinity.
I'll disappear. I'm almost there.
Just a moment away from becoming unclear.
It's not a matter of fuck.
It's just a matter of time.
You'll always be my whore
"Hey girl
Is he everything you wanted in a man
You know I gave you the world
You had me in the palm of your hand
So why your love went away
I just can't seem to understand
Thought it was me and you babe
Me and you until the end
But I guess I was wrong
Don't want to think about her
Don't want to talk about her
I'm just so sick about her
Can't believe it's ending this way
Just so confused about her
Feeling the blues about her
I just can't do without ya
Tell me is this fair?
Is this the way it's really going down?
Is this how we say goodbye?
Should've known better when you came around
That you were gonna make me cry
It's breaking my heart to watch you run around
'Cause I know that you're living a lie
That's okay baby 'cause in time you will find...
What goes around, goes around, goes around
Comes all the way back around...
Now girl, I remember everything that you claimed
You said that you were moving on now
And maybe I should do the same
Funny thing about that is
I was ready to give you my name
Thought it was me and you, babe
And now, it's all just a shame
And I guess I was wrong
Don't want to think about her
Don't want to talk about her
I'm just so sick about her
Can't believe it's ending this way
Just so confused about her
Feeling the blues about her
I just can't do without ya
Can you tell me is this fair?
Let me paint this picture for you, baby
You spend your nights alone
And he never comes home
And every time you call him
All you get's a busy tone
I heard you found out
That he's doing to you
What you did to me
Ain't that the way it goes
When You cheated girl
My heart bleeded girl
So it goes without saying that you left me feeling hurt
Just a classic case
A scenario
Tale as old as time
Girl you got what you deserved
And now you want somebody
To cure the lonely nights
You wish you had somebody
That could come and make it right
But girl I ain't somebody with a lot of sympathy
You'll see..
(What goes around comes back around)
I thought I told ya, hey..
See?
You should've listened to me, baby
Yeah, yeah, yeah, yeah
Because..
What goes around, comes back around.."
Is he everything you wanted in a man
You know I gave you the world
You had me in the palm of your hand
So why your love went away
I just can't seem to understand
Thought it was me and you babe
Me and you until the end
But I guess I was wrong
Don't want to think about her
Don't want to talk about her
I'm just so sick about her
Can't believe it's ending this way
Just so confused about her
Feeling the blues about her
I just can't do without ya
Tell me is this fair?
Is this the way it's really going down?
Is this how we say goodbye?
Should've known better when you came around
That you were gonna make me cry
It's breaking my heart to watch you run around
'Cause I know that you're living a lie
That's okay baby 'cause in time you will find...
What goes around, goes around, goes around
Comes all the way back around...
Now girl, I remember everything that you claimed
You said that you were moving on now
And maybe I should do the same
Funny thing about that is
I was ready to give you my name
Thought it was me and you, babe
And now, it's all just a shame
And I guess I was wrong
Don't want to think about her
Don't want to talk about her
I'm just so sick about her
Can't believe it's ending this way
Just so confused about her
Feeling the blues about her
I just can't do without ya
Can you tell me is this fair?
Let me paint this picture for you, baby
You spend your nights alone
And he never comes home
And every time you call him
All you get's a busy tone
I heard you found out
That he's doing to you
What you did to me
Ain't that the way it goes
When You cheated girl
My heart bleeded girl
So it goes without saying that you left me feeling hurt
Just a classic case
A scenario
Tale as old as time
Girl you got what you deserved
And now you want somebody
To cure the lonely nights
You wish you had somebody
That could come and make it right
But girl I ain't somebody with a lot of sympathy
You'll see..
(What goes around comes back around)
I thought I told ya, hey..
See?
You should've listened to me, baby
Yeah, yeah, yeah, yeah
Because..
What goes around, comes back around.."
segunda-feira, junho 4
beLIEf
Chego e sento-me ao teu lado, após um breve beijo na testa teu.. fugidio. Acho piada, mas não te digo nada e pergunto como estás.
Estou bem.. e tu? Está tudo bem contigo?
Esboço um sorriso e disfarço o turbilhão de sentimentos que me percorrem as veias.
Está tudo bem... - digo - o costume, tu sabes.
Olho para as tuas mãos e vejo como estão irrequietas. Sem demora, focas o vazio longe dos meus limites e dizes num tom de interrogação: Conta-me coisas.. que tens feito?
Tento focar o mesmo vazio que te fascinou e confesso Hoje matei uma pessoa. Tu olhas-me, assim num milésimo de segundo, antes mesmo de te devolver um olhar, antes mesmo de te prender e tornar-te cúmplice da minha história. Achas engraçado e perguntas-me como foi.
Estou certa de que não te interessa ouvir - afirmo.
Não não... - respondes - Conta-me como foi isso - e voltas a focar o teu olhar no vazio.
Desconfio um pouco, da tua atenção, e acompanho a tua dispersão do mesmo modo que invado o meu inconsciente e dispo os meus pecados.
Estava noite... - começo. Já tinha feito o jantar: as massas e a carne picada, como de costume, e resolvi sair de casa. Prendi o cabelo com uns elásticos, vesti um casaco comprido, o capuz pela cabeça e deixei as emoções em casa. Levei apenas comigo a chave, um mini-pacote de bolachas e um canivete.
Olhas para a janela e finjo perceber que continuas atento. Esfregas as mãos e pegas num cigarro, acende-lo. Continuo a minha aventura...
Voltei atrás e peguei nuns sacos, os quais enfiei num bolso lateral. Estás a ouvir-me? - pergunto. Olhas-me e respondes rapidamente - Sim sim. Continua.
Baixo a cabeça sem dares por isso.. Fui dar umas voltas, arejar a cabeça. Saí à rua e caminhei, uma ida sem rumo, mas tendo a certeza de que voltaria à minha cela.. perdão, casa. Comecei a ouvir uns barulhos em meu redor, qualquer coisa que me perseguia. Aquela preocupação que pensava não mais ter revelava-se agora num tremer das pernas, num ritmo acelerado de todos os músculos. Pensava em ti, em nós, em tudo o que me encaixa e, por fim, em mim. Pensava depois que não devia ser nada, nada mais.
Levanto a cabeça e estás mais longe que eu, envolvido nos teus pensamentos, e eu continuo..
Os barulhos tornaram-se mais frequentes, mas mesmo assim não desviei o meu olhar daquilo que era a minha frente. Pensei o quanto me enervava não ter a certeza de estar a ser ou não seguida. Ganhei coragem ou perdi o desejo de viver e olhei para trás, andei dois ou três passos e nada vi. É a minha imaginação -, digo para mim mesma. Abanei a cabeça e reinicio o meu percurso, largo uma gargalhada absurda que fez afastar um gato perdido na noite, para algures.
Queres que eu páre de contar? - pergunto, mas já não tenho qualquer reacção da tua parte.
Já não sei onde andava e também pouco me interessava saber. Nada vivo se encontrava na rua, passava apenas um carro do lixo, rapidamente, já cheio. Vi algumas montras, fechadas com grades, onde o meu reflexo espelhava mesmo com as luzes fracas da rua. O salão de jogos mesmo ali ao lado, fechado, como todos os domingos. Ouvi uns gemidos e aproximei-me...
Importas-te que abra esta janela? - perguntas - Está calor aqui..
Como queiras - respondo. Vejo-te perder alguns minutos junto da janela. Percorres o espaço com o olhar e fico à espera que voltes a sentar-te, o que fazes após acender mais um cigarro e dizes: Estavas a dizer..? - Olhas as minhas mãos, frenéticas de te possuir.
Estava a dizer que te ia matar - e rio-me. Expressas surpresa. - Estava a contar a minha noite, antes de chegar, e vou retomar onde interrompeste. - Pedes desculpa e acenas com a cabeça num tom de aprovação.
Ouvi os gemidos e olhei para todos os lados. Lá estava ela. Caída, desfeita, a sangrar. Senti os meus olhos a quererem fechar e pensei que ao acordar já estaria na minha cama, descansada. Ela estava magoada, com dores, só. Mais só que todos naquela noite fria, mais escondida que o gato no seu refúgio... Tirei os sacos do bolso, enfiei-os nos pés e nas mãos antes de chegar perto dela. A imagem ficava cada vez mais nítida. Sussurrou-me num tom de suicídio e pegou nas minhas mãos com o olhar. Tirei o canivete do bolso e tirei-lhe aquilo que lhe faltava para viver. Pousou a mão no corpo a agradecer o feito. É engraçado quando tudo o que é pedido é que lhe tirem a vida.. ou a falta dela.
Então, já acabaste a história? - perguntas. Senti-me ofendida com as tuas palavras e ignorei o teu olhar.
Tu nem me ouviste, pois não? Que sabes tu da minha história?
Ouvi sim! Quer dizer, mais ou menos.. desculpa, estava distraído. Estavas a contar que mataste alguém? Que alguém te pediu para o fazeres? Mas isso foi um sonho?
Não, não foi um sonho. Aconteceu há bocado, mesmo antes de chegar aqui. Matei-a, como me pediu. Não foi difícil. Sentia-a ficar cada vez mais fria e vazia, quando o canivete a perfurou.. como se a vida estivesse a sair-me do corpo, sabes?
Tu deves querer gozar comigo! Queres que acredite nisso?
Acreditas no que quiseres. Sempre soube que não levavas as minhas coisas a sério e que não irias acreditar nisto se te contasse.
Mas alguém acreditaria? Aliás, se fosse verdade, que aconteceu depois? Que fizeste ao corpo dela?
Nada.
Nada? - olhas-me com desconfiança. - Deixaste-a ali morta? Na rua?
Deixei. Ela já estava morta há muito tempo, só lhe fiz um favor. Depois afastei-me, levei o canivete comigo, retirei os sacos e continuei a andar até que decidi ligar-te para tomar café antes de voltar a casa. Destruí os sacos que levei. O canivete está ainda no meu bolso.. e pronto.
Sim, claro.. desculpa, mas não acredito.
Desculpa, desculpa! Sempre a pedir desculpa. Eu não preciso das tuas desculpas. Odeio as tuas desculpas e tudo em redor delas. - Levanto-me e vou até à janela, enquanto ficas quieto a acompanhar as minhas deslocações nervosas.
Mas isto agora está relacionado com a história ou com o quê afinal?
Tu não sabes mesmo, pois não? Acabei de te confessar que matei uma pessoa e tu estavas tão distraído nas tuas coisas que nem aqui e agora me dispensas a tua atenção? Sim, matei-a e voltaria a matar, porque já não havia nada nela que sobrevivesse de qualquer das formas. Matei-a e apenas tu sabes, porque sei que não acreditas e isso conforta-me da culpa. Acreditas na minha máscara de felicidade contínua, não achas isso estranho? Estar sempre tão bem?
Acho, mas..
Mas nada. Só queria que admitisses isso. - Baixas a cabeça e começo a sentir-me culpada. Pego nas minhas coisas e vou embora, antes que recuperes o teu narcisismo. Ficas furioso e chamas-me repetidamente, mas sigo o meu caminho de vez. Só depois repares no canivete que te deixei, ali mesmo, junto a ti. Volto a casa.
A noite passa, as horas passam. Tudo passa. No seguinte, fazes o caminho para minha casa e acordas-me. Levavas contigo o jornal com a notícia "Jovem mulher encontrada morta junto a um salão de jogos". Perguntas-me o que era aquilo. Mas já não sou eu. Encontras-me no vazio...
Que notícia é esta? A tua história era verdade?
Não sei do que falas! - afirmo espantada ainda com um ar ensonado e vejo o jornal - Estás parvo? Eu lá mataria alguém..
Mas tu própria o disseste ontem! E aquele canivete que me deixaste? Foi o canivete com o qual a mataste?
Encontraste o meu canivete? Caiu da mala... Não, não matei ninguém. Estás a alucinar!
Não, não estou! Então como explicas isto? - apontas para o jornal.
Não tenho que te explicar nada! Nem sabia disso. A única pessoa que morreu ontem à noite fui eu própria e era isso que te estava a contar, mas tu nunca me ouves e fazes juízos cedo demais..
Não acreditas em mim e levas-me à polícia. Interrogatório, testes, provas.. horas. Horas. Não havia qualquer indício de que pudesse ter morto aquela jovem.
Mesmo assim, ainda não acreditas em mim?
Desculpa...
Estou bem.. e tu? Está tudo bem contigo?
Esboço um sorriso e disfarço o turbilhão de sentimentos que me percorrem as veias.
Está tudo bem... - digo - o costume, tu sabes.
Olho para as tuas mãos e vejo como estão irrequietas. Sem demora, focas o vazio longe dos meus limites e dizes num tom de interrogação: Conta-me coisas.. que tens feito?
Tento focar o mesmo vazio que te fascinou e confesso Hoje matei uma pessoa. Tu olhas-me, assim num milésimo de segundo, antes mesmo de te devolver um olhar, antes mesmo de te prender e tornar-te cúmplice da minha história. Achas engraçado e perguntas-me como foi.
Estou certa de que não te interessa ouvir - afirmo.
Não não... - respondes - Conta-me como foi isso - e voltas a focar o teu olhar no vazio.
Desconfio um pouco, da tua atenção, e acompanho a tua dispersão do mesmo modo que invado o meu inconsciente e dispo os meus pecados.
Estava noite... - começo. Já tinha feito o jantar: as massas e a carne picada, como de costume, e resolvi sair de casa. Prendi o cabelo com uns elásticos, vesti um casaco comprido, o capuz pela cabeça e deixei as emoções em casa. Levei apenas comigo a chave, um mini-pacote de bolachas e um canivete.
Olhas para a janela e finjo perceber que continuas atento. Esfregas as mãos e pegas num cigarro, acende-lo. Continuo a minha aventura...
Voltei atrás e peguei nuns sacos, os quais enfiei num bolso lateral. Estás a ouvir-me? - pergunto. Olhas-me e respondes rapidamente - Sim sim. Continua.
Baixo a cabeça sem dares por isso.. Fui dar umas voltas, arejar a cabeça. Saí à rua e caminhei, uma ida sem rumo, mas tendo a certeza de que voltaria à minha cela.. perdão, casa. Comecei a ouvir uns barulhos em meu redor, qualquer coisa que me perseguia. Aquela preocupação que pensava não mais ter revelava-se agora num tremer das pernas, num ritmo acelerado de todos os músculos. Pensava em ti, em nós, em tudo o que me encaixa e, por fim, em mim. Pensava depois que não devia ser nada, nada mais.
Levanto a cabeça e estás mais longe que eu, envolvido nos teus pensamentos, e eu continuo..
Os barulhos tornaram-se mais frequentes, mas mesmo assim não desviei o meu olhar daquilo que era a minha frente. Pensei o quanto me enervava não ter a certeza de estar a ser ou não seguida. Ganhei coragem ou perdi o desejo de viver e olhei para trás, andei dois ou três passos e nada vi. É a minha imaginação -, digo para mim mesma. Abanei a cabeça e reinicio o meu percurso, largo uma gargalhada absurda que fez afastar um gato perdido na noite, para algures.
Queres que eu páre de contar? - pergunto, mas já não tenho qualquer reacção da tua parte.
Já não sei onde andava e também pouco me interessava saber. Nada vivo se encontrava na rua, passava apenas um carro do lixo, rapidamente, já cheio. Vi algumas montras, fechadas com grades, onde o meu reflexo espelhava mesmo com as luzes fracas da rua. O salão de jogos mesmo ali ao lado, fechado, como todos os domingos. Ouvi uns gemidos e aproximei-me...
Importas-te que abra esta janela? - perguntas - Está calor aqui..
Como queiras - respondo. Vejo-te perder alguns minutos junto da janela. Percorres o espaço com o olhar e fico à espera que voltes a sentar-te, o que fazes após acender mais um cigarro e dizes: Estavas a dizer..? - Olhas as minhas mãos, frenéticas de te possuir.
Estava a dizer que te ia matar - e rio-me. Expressas surpresa. - Estava a contar a minha noite, antes de chegar, e vou retomar onde interrompeste. - Pedes desculpa e acenas com a cabeça num tom de aprovação.
Ouvi os gemidos e olhei para todos os lados. Lá estava ela. Caída, desfeita, a sangrar. Senti os meus olhos a quererem fechar e pensei que ao acordar já estaria na minha cama, descansada. Ela estava magoada, com dores, só. Mais só que todos naquela noite fria, mais escondida que o gato no seu refúgio... Tirei os sacos do bolso, enfiei-os nos pés e nas mãos antes de chegar perto dela. A imagem ficava cada vez mais nítida. Sussurrou-me num tom de suicídio e pegou nas minhas mãos com o olhar. Tirei o canivete do bolso e tirei-lhe aquilo que lhe faltava para viver. Pousou a mão no corpo a agradecer o feito. É engraçado quando tudo o que é pedido é que lhe tirem a vida.. ou a falta dela.
Então, já acabaste a história? - perguntas. Senti-me ofendida com as tuas palavras e ignorei o teu olhar.
Tu nem me ouviste, pois não? Que sabes tu da minha história?
Ouvi sim! Quer dizer, mais ou menos.. desculpa, estava distraído. Estavas a contar que mataste alguém? Que alguém te pediu para o fazeres? Mas isso foi um sonho?
Não, não foi um sonho. Aconteceu há bocado, mesmo antes de chegar aqui. Matei-a, como me pediu. Não foi difícil. Sentia-a ficar cada vez mais fria e vazia, quando o canivete a perfurou.. como se a vida estivesse a sair-me do corpo, sabes?
Tu deves querer gozar comigo! Queres que acredite nisso?
Acreditas no que quiseres. Sempre soube que não levavas as minhas coisas a sério e que não irias acreditar nisto se te contasse.
Mas alguém acreditaria? Aliás, se fosse verdade, que aconteceu depois? Que fizeste ao corpo dela?
Nada.
Nada? - olhas-me com desconfiança. - Deixaste-a ali morta? Na rua?
Deixei. Ela já estava morta há muito tempo, só lhe fiz um favor. Depois afastei-me, levei o canivete comigo, retirei os sacos e continuei a andar até que decidi ligar-te para tomar café antes de voltar a casa. Destruí os sacos que levei. O canivete está ainda no meu bolso.. e pronto.
Sim, claro.. desculpa, mas não acredito.
Desculpa, desculpa! Sempre a pedir desculpa. Eu não preciso das tuas desculpas. Odeio as tuas desculpas e tudo em redor delas. - Levanto-me e vou até à janela, enquanto ficas quieto a acompanhar as minhas deslocações nervosas.
Mas isto agora está relacionado com a história ou com o quê afinal?
Tu não sabes mesmo, pois não? Acabei de te confessar que matei uma pessoa e tu estavas tão distraído nas tuas coisas que nem aqui e agora me dispensas a tua atenção? Sim, matei-a e voltaria a matar, porque já não havia nada nela que sobrevivesse de qualquer das formas. Matei-a e apenas tu sabes, porque sei que não acreditas e isso conforta-me da culpa. Acreditas na minha máscara de felicidade contínua, não achas isso estranho? Estar sempre tão bem?
Acho, mas..
Mas nada. Só queria que admitisses isso. - Baixas a cabeça e começo a sentir-me culpada. Pego nas minhas coisas e vou embora, antes que recuperes o teu narcisismo. Ficas furioso e chamas-me repetidamente, mas sigo o meu caminho de vez. Só depois repares no canivete que te deixei, ali mesmo, junto a ti. Volto a casa.
A noite passa, as horas passam. Tudo passa. No seguinte, fazes o caminho para minha casa e acordas-me. Levavas contigo o jornal com a notícia "Jovem mulher encontrada morta junto a um salão de jogos". Perguntas-me o que era aquilo. Mas já não sou eu. Encontras-me no vazio...
Que notícia é esta? A tua história era verdade?
Não sei do que falas! - afirmo espantada ainda com um ar ensonado e vejo o jornal - Estás parvo? Eu lá mataria alguém..
Mas tu própria o disseste ontem! E aquele canivete que me deixaste? Foi o canivete com o qual a mataste?
Encontraste o meu canivete? Caiu da mala... Não, não matei ninguém. Estás a alucinar!
Não, não estou! Então como explicas isto? - apontas para o jornal.
Não tenho que te explicar nada! Nem sabia disso. A única pessoa que morreu ontem à noite fui eu própria e era isso que te estava a contar, mas tu nunca me ouves e fazes juízos cedo demais..
Não acreditas em mim e levas-me à polícia. Interrogatório, testes, provas.. horas. Horas. Não havia qualquer indício de que pudesse ter morto aquela jovem.
Mesmo assim, ainda não acreditas em mim?
Desculpa...
Fevereiro 2005
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