segunda-feira, março 24

Num tom "deslimbrado".

Lamentosas as noites perdidas
Na vaidade dos dias,
Desabrocham novelos de vidas
Olham a saudade que perdias.

Conta-me os dias em forma de tons
Retrata-me em paisagens coloridas,
De nada me lembro além de sons
E feridas na memória sentidas.

É meio da noite e abrem-se-me os olhos
Arrepios na pele são mais que mil,
Sinto o bater da alma aos folhos
A vida a fugir-me para um funil.

A que horas sais da minha mente
Diz-me que estou farta de te ouvir,
A voz dói, deixa-me dormente
Tão longe de doer, mas perto de rir.

Cá dentro, olho o tecto do mundo
Lá fora, as unhas em tom escarlate,
Desafio fios de história a sair do fundo
Antes que a saudade me mate.


15 de Março de 2008

quinta-feira, março 6

"O problema não és tu, sou eu."

Claro que não sou eu, eu sou espectacular, como é que o problema poderia ser meu? Mas a grande questão é: não é ser um problema meu, a priori, mas um problema que me envolve e se me envolve, também é meu e, nesse caso, eu quero saber qual é.
Não sei como nasceu esta desculpa mascarada de culpabilização de si próprio em prol do bem-estar do outro. Isso, no fundo, só faz o outro ficar completamente perdido na terra da confusão e da dúvida. E, enquanto lá está, paga uma renda do caralho!
"O que fiz/disse de mal?" e/ou "Quando o fiz/disse?", etc., etc..
Se estão numa de culpabilização, ao menos que o façam à homem: digam a merda toda duma vez, é a melhor maneira de se resolverem as coisas.
Comunicação, amigos, o segredo está na comunicação.
Bom ou mau, que seja logo dito; e não estou aqui a apelar à impulsividade e a que não se deva pensar naquilo que se diz, mas quando se pensa em K várias vezes e se chega a uma conclusão "estável", e se isso envolve outra pessoa, epá, falem.
Começo a chatear-me realmente com estas cenas, tantas merdas de mal-entendidos só porque um diz "fui a sítios" ou "é mais ou menos" e o outro responde com "vou ali" e "talvez, não sei". Se querem ambiguidade, virem-se para a identidade sexual, há aí um vasto campo a explorar. Really.
Qual é o problema de se dizerem as coisas?
Até parece que é preciso pedir desculpas por dizer a verdade. Gosh!
"Ah! Mas o problema não és tu... ando cansada" ou "Não sei o que tenho.. mas nem me apetece pensar nisso" ou "Ando ocupado com a faculdade, depois falamos.." resultam sempre num "Um dia vamos tomar um café e pomos a conversa em dia". Bullshit.
Os dias passam, as semanas e os meses também, e: nada.
Depois chega aquela fase do "Está tudo bem, não se passa nada.." ou "O quê? Eu estranha? Não.. Está tudo bem!" ou ainda aquela situação espantosa de surpresa (e que, pessoalmente, acho fabulosa) "Porque dizes isso? Achas que estou diferente?".
Não, eu não acho que as pessoas ficam diferentes. Eu tenho a certeza.
Se eu não suspeitasse o que quer que fosse, não perguntava e fazia como todos os outros: não queria saber. O problema é que quero saber e é isso que me fode. Mania esta, minha, de me interessar pelas pessoas pah! Devo ter um problema qualquer, não haja dúvida.
Se eu pergunto X é porque notei Y e quero saber Z. É suposto os amigos fazerem isto, perguntar, acho eu. Mas se calhar estou errada e o que vale é que nunca se passa nada, que está sempre tudo igual, nada muda... isto sim deixa-me tranquila! E desinteressada também.
É que se há coisa que me chateia, esta é uma delas.
Sabes.. é que o problema não és tu, sou eu.
*smiles*