sábado, fevereiro 6

III

Pergunto porque desejas, se o apetite que brota é infausto.
Vivo ou morto, nada trará de volta aquilo que te perdi.
Na última parte, enganas menos o outro do que a ti.

SemVagar.

Agendei o meu tempo em torno de te ver.
Esqueci-me que o desejo distorce o acontecer.
A razão espera-me sempre na esquina do saber.
Em intervalos de tempo, inconscientes ao meu ser.
Cada vez que lá tropeço, crescem sensações de poder.
Acordo só para mim, um pouco antes de adormecer.
Que se a noite permanecer, contra o dia o querer.
Apelo à ruína e em motim afirmo: vai-te f*der!

Delusão.

Vens em pezinhos de lã, entre delusões, tecer ideias;
(re)nascem vontades e para quê;
se ambos sabemos que o limite vai de um ao outro.
Remexem-se estórias e a história,
nada do que já foi poderá de novo ser.

Preciso de ti, quando estás na outra margem.
Vem a mim, ao meu colo, eu te aconchego.
Sopro as nuvens, despeço a névoa;
não mais a água é turva para que a atravesses.
Estendo-te a mão, reconheces a direcção a seguir.
Porém, basta-me saber que vens.

Não esperes por mim, só pelo meu desejo;
chega-te metade, pois não suportas o todo.
Nunca suportarás, enquanto a fuga estiver marcada;
Nunca saberás, se o tempo não entorpecer.
Borda-se a vontade, descose-se a verdade.

Não sei a que te referes ou quiçá a reflexão é curta.
O reflexo, não o confesso como meu.
Lembro-me de quando em vez o aluir do disposto;
e sigo saltando, entre as pedras que bulem.
É que lá no âmago, o aflito olha-me e eu...
Desvio o olhar com vergonha de nele me esquecer.

Pedras no caminho? Não as guardo, como o poeta;
não é meu desejo construir um castelo.
Amontoam-se, na minha sombra e quando delas carecer,
com precisão, no tempo e no espaço,
o fito será certo e insignificante a conclusão.

Valha-me o externo, pois no íntimo o vazio é senhorio.
Na sede de ser, vampiro me pareço.
Porque não posso estacar ou em troca o brilho se perde.
Desconectar-me em pedaços, consciência tenho do que sou.
Preciso de ti ou de outra personagem, tanto faz;
na verdade, apenas que me faça sentir o agora.

São filhos da puta que andam por entre a plebe;
se cruzam no ar que respiro e o empobrecem;
pertencem-lhes Selfs em ilhas, que se afastam.
No limite, interrompe-se a função do seu X;
de que vale a casca se as lagartas apodrecem o tutano?