sábado, fevereiro 6

Delusão.

Vens em pezinhos de lã, entre delusões, tecer ideias;
(re)nascem vontades e para quê;
se ambos sabemos que o limite vai de um ao outro.
Remexem-se estórias e a história,
nada do que já foi poderá de novo ser.

Preciso de ti, quando estás na outra margem.
Vem a mim, ao meu colo, eu te aconchego.
Sopro as nuvens, despeço a névoa;
não mais a água é turva para que a atravesses.
Estendo-te a mão, reconheces a direcção a seguir.
Porém, basta-me saber que vens.

Não esperes por mim, só pelo meu desejo;
chega-te metade, pois não suportas o todo.
Nunca suportarás, enquanto a fuga estiver marcada;
Nunca saberás, se o tempo não entorpecer.
Borda-se a vontade, descose-se a verdade.

Não sei a que te referes ou quiçá a reflexão é curta.
O reflexo, não o confesso como meu.
Lembro-me de quando em vez o aluir do disposto;
e sigo saltando, entre as pedras que bulem.
É que lá no âmago, o aflito olha-me e eu...
Desvio o olhar com vergonha de nele me esquecer.

Pedras no caminho? Não as guardo, como o poeta;
não é meu desejo construir um castelo.
Amontoam-se, na minha sombra e quando delas carecer,
com precisão, no tempo e no espaço,
o fito será certo e insignificante a conclusão.

Valha-me o externo, pois no íntimo o vazio é senhorio.
Na sede de ser, vampiro me pareço.
Porque não posso estacar ou em troca o brilho se perde.
Desconectar-me em pedaços, consciência tenho do que sou.
Preciso de ti ou de outra personagem, tanto faz;
na verdade, apenas que me faça sentir o agora.

São filhos da puta que andam por entre a plebe;
se cruzam no ar que respiro e o empobrecem;
pertencem-lhes Selfs em ilhas, que se afastam.
No limite, interrompe-se a função do seu X;
de que vale a casca se as lagartas apodrecem o tutano?

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